sábado, 15 de outubro de 2011

És um excelente ator

   De noite, único instante em que sou livre e não preciso de me preocupar em manifestar os contornos perturbados, relembro os momentos que passámos juntos. Momentos que foram poucos, mas sempre intensos. Sinto falta do teu corpo quente colado ao meu; as pequenas mantas que nos obrigavam a estar encolhidos; o céu imenso por cima das nossas cabeças; os raios a pousar bem longe do eterno recanto. Tudo! Tudo parecia estar bem.
   Como sempre, o que foi mágico sumiu. Naturalmente, as memórias ficaram e continuam a magoar. No entanto, não vou pedir desculpa por não ser de ferro e, muito menos, pedir desculpa por aquilo que sou. Porque é que te atreveste a dizer algo com tanto significado, sem nutrires o verdadeiro sentimento? Agora, apenas me resta este coração já antes massacrado pelo peso do abandono.

   Só tenho um facto a admitir: és um excelente ator.

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