E assim me vejo. Afogada na minha própria vontade de querer e ter. Olhando para cima e vendo as bolhas subir, e eu a descer cada vez mais fundo. Sentindo a pressão a exercer toda a sua força sobre cada músculo do meu corpo, impedindo os meus movimentos. À minha volta, é possível contemplar a escuridão, como se houvesse algo de específico nesta que a tornasse assim, digna de ser admirada.
Mas, de repente, sinto uma mão a agarrar-me com força e delicadeza no pulso. De seguida, um puxão. Ah! És tu a suscitar-me para a realidade. Parece difícil o que fazes mas a tua descontração leva-me a acreditar que é algo natural. À medida que subimos, consigo distinguir a mudança gradual da cor que cresce de um tom azul profundo para um branco solar. Depois do clarão, vejo que estou na superfície. Por cima da minha cabeça gelada está um céu imenso, quase tão belo como o mar; à minha volta observo rochas negras e castanhas, limitadas a ser constantemente esbofeteadas pelas ondas; uma enorme variedade de aves e outros seres estranhos olha para mim, uns com desagrado, outros com uma simples curiosidade. Finalmente entendi! Isto sim é a vida!
